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Caso Americanas: o que dizem os especialistas em contabilidade

Nas últimas semanas, o rombo bilionário nas planilhas da Americanas só reforçou a importância da contabilidade, de seguir regulamentações e padrões contábeis para evitar problemas financeiros.

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Em resumo, o valor de mais de 40 bilhões de reais em dívidas é resultado de uma operação que envolve os fornecedores e os bancos. Porém, o que é preciso destacar é que o processo da operação é comum, mas o grande problema enfrentado pela empresa estava na forma como o registro dessas dívidas era feito nas planilhas contábeis.

O processo era simples: o fornecedor recebia os pedidos e, antes da venda, a Americanas quitava o pagamento com um empréstimo do banco. Com isso, o fornecedor recebe e a companhia paga depois a instituição bancária com os juros. Isso é legal. O problema foi na hora de registrar esses valores.

Em vez de registrar a dívida financeira, a Americanas registrava no balanço a dívida com o fornecedor – que não tinha juros. E isso, ao longo de vários anos, causou o rombo bilionário na companhia.

O coordenador contábil da Atlas Inteligência para Gestão, Paulo Picarelli, falou sobre o caso e trouxe pontos importantes que as empresas podem se atentar para evitar riscos na contabilidade, comprometendo, assim, a saúde financeira da empresa.

Risco Sacado

A operação de Risco Sacado consiste em: seus fornecedores antecipam os recebimentos do varejista na data atual, com a taxa de desconto aplicada diretamente a ele e o varejista não precisa realizar a antecipação de recebíveis para quitar suas dívidas à vista. “É uma operação em que todo mundo ganha: o varejista melhora sua capacidade de negociação, afinal,“paga à vista”, o banco ganha os juros da antecipação e o fornecedor recebe antes para manter seu fluxo financeiro”, explica Picarelli. 

Se a operação é comum, por que o rombo?

Picarelli explica que, mesmo que seja uma prática comum, o problema é que, ao antecipar o pagamento, o saldo contábil da conta de fornecedores em aberto com o valor original do título precisa ser segregado em duas partes:

  1. Separação da dívida com fornecedores em dívida Financeira: uma reclassificação contábil deduzindo a linha de fornecedores e transferindo o valor para obrigações financeiras, no valor total do título antecipado;
  2. O ajuste do valor antecipado à vista para o fornecedor: com a antecipação ao fornecedor, é necessário deixar no estoque apenas o valor da mercadoria adquirida com este título antecipado no valor quitado à vista, e o restante do valor a ser pago ao fornecedor se encaixa como uma despesa financeira. Essa redução no estoque tem como contrapartida uma conta redutora no passivo, a qual, no pagamento da dívida principal, deve ser reconhecido como despesa financeira a taxa deste valor antecipado.

O questionamento feito para entender como a Americanas não apresentou sinais de que estava passando por essa situação. Picarelli afirma que por mais que o preço das ações da Americanas estivesse consideravelmente bom antes da divulgação do rombo, era de se esperar que algo não estivesse bem.

O coordenador contábil também ressalta que, em relação aos números, ao olhar para o passivo da empresa, no último trimestre fechado divulgado, pôde ser analisado um aumento nas linhas de debêntures e empréstimos a pagar: 65% dos totais do passivo circulante e não circulante, e também, a redução da linha de fornecedores, o que, sem o rombo, já indicaria que a empresa está tomando recursos de terceiros para financiar sua operação. 

Contabilidade criativa

A contabilidade criativa é uma estratégia adotada para maquiar as contas e, dessa forma, conseguir investimentos de terceiros ou obter financiamentos bancários. O maior problema é que, ao fazer isso sem os conhecimentos de um contador experiente, a empresa pode cometer graves erros, deixando de recolher os impostos devidos.

Ou seja, a empresa pode criar situações em que os relatórios financeiros não estão representando de forma real as atividades econômicas empresariais, mesmo estando seguindo as normas e regras contábeis. “Todos estes juros acumulados no período gera o rombo inicial de 40 bilhões, que pode ser bem maior após as análises e perícias a serem feitas”, completa Picarelli. 

A análise

Ainda não é possível mensurar se foi um erro culposo da contabilidade, ou se houve interferência da Administração em manipular os resultados, visando diminuir as obrigações financeiras em seu balanço para melhorar a obtenção de crédito.

Entretanto, este é o momento de se reforçar que a contabilidade tem o papel principal de contar em números a história da organização e retratar com o máximo de credibilidade, relatando a verdade dos fatos, pois as consequências podem ser trágicas: ver a quebra de uma das empresas de Varejo mais tradicionais e pioneiras do Brasil, manchando o seu nome e colocando milhares de empregos em risco.

A contabilidade pode auxiliar explicando a natureza de cada número, de cada demonstrativo apresentado. Através dela, pode-se mostrar o resultado econômico e financeiro, ou seja, se a empresa é lucrativa e se está gerando dinheiro para os sócios e acionistas. “Como toda a história da empresa é contada pela contabilidade através dos números, cabe a nós, profissionais da área, contar essa história com o maior detalhe possível para que a tomada de decisão da empresa seja embasada com todos os detalhes e riscos conhecidos”, reafirma Picarelli.

Picarelli ainda fala que é possível a empresa se recuperar a voltar a crescer em um caso como esse. Mas, vale ressaltar que essa não será uma tarefa fácil, uma vez que depende de uma injeção financeira por meio de investidores para quitar as dívidas já existentes, e também, um trabalho para recuperar a confiança do mercado e de todos os que se relacionam com a empresa para entenderem que ela está trabalhando para sair dessa situação e que será uma nova página na história de agora em diante. 

Recuperação judicial

No processo de recuperação judicial, a empresa vai tentar renegociar as dívidas. Então, vão chamar os bancos e fornecedores para tentar descontos e novos prazos. Isso tudo é um processo que costuma demorar meses, às vezes até anos.

Enquanto isso, a empresa poderá tentar vender alguns ativos. Por exemplo, pouca gente sabe, mas a Americanas tem outras lojas dentro dos shoppings brasileiros. Ela é dona da Imaginarium, Puket, rede Natural da Terra e Hortifruti, além de metade das lojas de conveniência do país com a BR Mania.

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Análise documental de leilões digitais exige cuidados específicos

Arrematar imóveis em um leilão pode ser uma boa oportunidade para quem está em busca de fazer economia, entretanto, é preciso tomar alguns cuidados como fazer uma análise documental e checar as dívidas referentes ao imóvel.

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Arrematar imóveis em um leilão digital pode ser uma boa oportunidade para quem está em busca de fazer economia, entretanto, é preciso tomar alguns cuidados como fazer uma análise documental e checar as dívidas referentes ao imóvel, afinal, ainda que estejam atraindo muitos compradores, a falta de análise pode gerar muitas dores de cabeça.

Lainara Barbi, advogada pós-graduada em Direito e Negócios Imobiliários, esclarece que há alguns riscos no momento da compra de um imóvel em leilão, e que para evitá-los é fundamental ter o acompanhamento de um profissional especialista.

“Parece muito simples encontrar um imóvel, fazer o credenciamento prévio no site em que ele está sendo leiloado, agendar o dia e horário do leilão, dar um lance e arrematar o imóvel. Mas a verdade é que sem uma análise documental mais profunda, surpresas podem surgir após a compra”, esclarece Barbi.

Ela enaltece que antes de dar um lance em um imóvel é fundamental fazer uma vasta análise documental dele, e posteriormente colocar na ponta do lápis todos os possíveis gastos recorrentes.

“O primeiro cuidado que é necessário ter é sobre a credibilidade do leiloeiro, afinal, ele precisa estar devidamente registrado na Junta Comercial do seu Estado, e golpes são o que não faltam no mercado digital”, salienta.

A advogada ainda destaca que é preciso depois de avaliar a credibilidade do leiloeiro, fazer uma análise completa e detalhada do edital do leilão, pois é ele quem regulamentará a grande parte das dúvidas.

“Se esse edital estiver omitido será necessário então contatar o leiloeiro, o poder judiciário ou qualquer outro meio, pois tudo precisa ficar completamente esclarecido”, diz Barbi.

Outro cuidado necessário, segundo a especialista, é verificar a matrícula do imóvel para se certificar de que não existam ônus no título de propriedade e se os procedimentos obrigatórios foram cumpridos para evitar que o leilão possa ser anulado.

Lainara Barbi ainda destaca que é preciso avaliar quais são as dívidas que o imóvel possui, e se o montante que consta no edital está devidamente correto para se projetar os gastos que serão necessários após o arrematamento.

“É crucial avaliar se haverá a necessidade de reformas, e quais serão esses custos, assim como pesquisar se há outros processos no nome do devedor do imóvel e se todos os credores foram notificados do leilão”, finaliza.

A advogada esclarece que situações nas quais o imóvel está ocupado também são mais problemáticas, pois o custo para desapropriação precisa ser considerado pelo comprador do imóvel. São detalhes que podem evitar uma grande dor de cabeça por parte de quem está querendo comprar um imóvel seja para investir ou até mesmo para morar.

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Investimento em Big Data cresce no meio corporativo

Pesquisa aponta que 97% das organizações estão investindo no uso de Big Data; especialista em desenvolvimento de software comenta sobre o cenário

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Big Data é um termo que serve para descrever dados estruturados e não estruturados que são tão grandes que não podem ser processados usando os métodos de processamento tradicionais. O uso dessa estratégia de tratamento de dados pode envolver algoritmos de computação de alto desempenho para trabalhar com esses dados e extrair informações úteis. Essas informações podem ajudar as empresas a tomar decisões assertivas sobre o produto ou serviço que estão oferecendo.

Segundo a Pesquisa “Data and AI Leadership executive survey”, realizada em 2022, pelo New Vantage Partners, 97% das organizações respondentes estão investindo no uso de dados de forma estratégica, por meio de soluções e plataformas. Desse total, 91,7% afirmaram que seus investimentos em tecnologia de dados estão aumentando.

Para Matheus Lúcio Carvalho da Costa, especialista há mais de 10 anos em Desenvolvimento de Softwares, esse cenário demonstra o crescimento do interesse por parte das organizações, para realizarem um tratamento dos dados eficiente. “As empresas estão progressivamente direcionando investimentos focados em soluções Big Data nos seus principais setores, com objetivo de obter análises e resultados mensuráveis”, afirma. 

De acordo com a “Pesquisa Sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas Empresas Brasileiras”, publicada em 2022, realizada pela TIC empresas, que analisou sobre os determinantes do uso de Big Data em empresas brasileiras, a análise de Big Data vem sendo considerada central na economia digital, visto que grande parte da atuação das organizações virá da capacidade de criar informações relevantes baseadas nos dados a fim de tomar decisões mais qualificadas. Para fomentar mais sobre esse cenário, Matheus Lúcio responde a algumas perguntas e comenta sobre a efetivação da Big Data.

Considerando as informações apresentadas, como você avalia a importância que a Big Data vem adquirindo nas organizações? 

Matheus Lúcio: A utilização do Big Data no meio corporativo é vista de forma cada vez mais positiva, uma vez que as empresas estão percebendo que os dados podem ser uma fonte valiosa de insights para o negócio. A análise de grandes conjuntos de dados pode ajudar as empresas a tomar decisões mais informadas e a identificar possíveis oportunidades de crescimento, podendo reduzir riscos e possibilitando o aumento da eficiência. Além disso, o Big Data pode ajudar as empresas a se tornarem mais ágeis e adaptáveis às mudanças no mercado, tornando-as mais competitivas.

De que maneira o Big Data pode ser usado em tomadas de decisões empresariais?

Matheus Lúcio: Pode ser aplicada de forma estratégica em diversas áreas dentro de uma organização, principalmente no que tange às tomadas de decisões empresariais, tais como: Análise de dados de vendas para identificar tendências de mercado e insights sobre comportamento do consumidor; análise de dados de produção para identificar gargalos e ineficiências no processo produtivo; análise de dados financeiros para identificar oportunidades de investimento e redução de custos; análise de dados de marketing para entender o desempenho de campanhas publicitárias e identificar oportunidades de crescimento; e análise de dados de logística para otimizar rotas de entrega e reduzir custos de transporte.

Para a implementação de um processo de tomada de decisões com base em Big Data, quais são as melhores ferramentas e estratégias que podem ser usadas para tal propósito?

Matheus Lúcio: Acredito que os recursos e estratégias que podem ser utilizadas para a utilização do Big Data em tomadas de decisões empresariais incluem: plataformas de análise de dados, como Hadoop, Spark e Apache Flink; ferramentas de visualização de dados, como Tableau, Power BI e QlikView; Algoritmos de Machine Learning e Inteligência Artificial, para análise preditiva e identificação de padrões em grandes conjuntos de dados; e modelos de negócios baseados em dados, como o Data as a Service (DaaS), para monetizar dados coletados por empresas.

Além da utilização de recursos Big Data, o que mais as organizações devem observar ao implementar essa estratégia de tomada de decisão?

Matheus Lúcio: É importante lembrar que a utilização do Big Data deve ser feita de forma ética e responsável, garantindo a privacidade e segurança dos dados dos clientes e colaboradores. Além disso, é preciso ter em mente que a análise de dados é apenas uma parte do processo de tomada de decisões empresariais, e que é necessário combinar a análise de dados com a experiência e o conhecimento de gestores e especialistas do negócio para obter resultados consistentes e confiáveis.

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Conferir reputação do cliente online pode evitar fraudes

Tecnologia de ponta se mostra grande aliada de fintechs, agências de criptomoedas, plataformas de jogos eletrônicos e outros tantos negócios realizados pela internet.

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De acordo com a AFP (Associação de Profissionais de Finanças),  71% das empresas norte-americanas foram vítimas de fraude de pagamentos em 2021. As fraudes em cheques cravaram 66%, enquanto fraudes em pagamentos por compensação automática atingiram 37%. Já a fraude eletrônica representou 32%.

O Brasil tem se destacado como um dos países que mais registra tentativas de fraudes. No mercado financeiro, que além de bancos tradicionais e fintechs inclui as administradoras de cartões de crédito, estudo que analisou mais de 35 milhões de propostas apontou que 3,30% – ou seja, um milhão delas – eram tentativas de fraude, como golpes em abertura de contas, emissão indevida de cartões, pix, empréstimo pessoal e CDCs (empréstimos pré-aprovados) por meios digitais.

Tecnologias como KYC (know-your-client) e similares permitem que as empresas possam verificar rapidamente a identidade de uma pessoa. Ainda assim, é difícil verificar adequadamente a reputação de alguém. Se uma reputação ruim passar despercebida, empresas podem contratar funcionários desqualificados ou aceitar falsos clientes sem saber, aumentando o risco de fraudes e até enfrentar roubo de propriedade intelectual. Isso sem contar os riscos relacionados à reputação das empresas.

De acordo com Tony Petrov, diretor jurídico da Sumsub – plataforma tudo-em-um de verificação de identidade –, uma vez que a reputação de uma empresa é destruída, pode ser difícil ela reconstruir sua imagem. “Trata-se de um problema de mão dupla: por um lado, as reputações são altamente frágeis; por outro, a verificação não é simples. Essa combinação cria problemas para empresas e oportunidades para golpistas”.

Especialista em prevenção a fraudes e lavagem de dinheiro, Petrov diz que, entre os métodos comumente usados ​​para verificação de reputação, alguns são mais confiáveis ​​do que outros. “Cartas de recomendação, testemunhos e apresentação no LinkedIn, entre outros, são métodos menos confiáveis para avaliar a reputação de uma pessoa – podendo ser facilmente forjados”. Segundo o executivo, é muito simples excluir informações controversas ou alterar configurações de privacidade. Além disso, qualquer pessoa pode criar intencionalmente certa imagem de si mesma usando informações falsas. Até mesmo ex-ministros já mentiram no currículo.

Entre os métodos mais críveis para se avaliar a reputação de um potencial cliente, por exemplo, estão a pontuação de crédito e a inteligência de código aberto (OSINT – Open Source Intelligence). Enquanto o primeiro atribui uma pontuação para indivíduos com base em registros de bancos, empresas de cartão de crédito e outros credores, o segundo método se baseia no conhecimento produzido através de informações disponíveis acessíveis a qualquer pessoa pública (internet, livros, jornais e revistas).

“Também esses métodos mais confiáveis para se avaliar a reputação de uma pessoa têm falhas. A pontuação de crédito, por exemplo, é controlada por um grupo muito pequeno de empresas. Já as informações de código aberto dependem de uma investigação bastante minuciosa. Por exemplo, se uma pessoa mudou recentemente de residência, essas informações não estarão disponíveis para um especialista OSINT até que cheguem a qualquer uma das fontes abertas”, explica Petrov.

Vitalik Buterin, criador do Ethereum, vem trabalhando em um novo tipo de token que ajudará os usuários a obter informações sobre as atividades, realizações e preferências de outras pessoas no mundo real. Os tokens soulbound (SBTs) são NFTs (representações de itens exclusivos) não transferíveis, mantidos por carteiras criptográficas exclusivas chamadas Souls (almas). Buterin diz que os SBTs poderiam ser usados em diplomas universitários, credenciais de educação, experiência profissional e pontuações de crédito da web3.

Na opinião do executivo da Sumsub – que lançou recentemente um guia gratuito sobre verificação de usuário na Web3 – a verificação do usuário deve ser confiável, conveniente e reutilizável. “A abordagem SBT tende a ser a mais conveniente para usuários e empresas quanto à verificação no campo blockchain. A reutilização é especialmente importante na esfera criptográfica, já que as sobreposições de usuários entre plataformas podem chegar a 75%. Além disso, o KYC reutilizável pode aumentar em 10 vezes as taxas de aprovação na verificação”.

Petrov afirma que, por enquanto, a maioria dos projetos Web3 usa uma abordagem tradicional de verificação, coletando e armazenando dados do usuário em sua plataforma. No entanto, as abordagens SSI (identidade autossoberana), ZK-proof (prova de conhecimento zero), SBT (tokens Soulbound) estão surgindo e sendo aperfeiçoadas, mudando a forma como a verificação é conduzida e como os usuários controlam seus dados e sua reputação.

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