2/5/2024 –
De acordo com pesquisa da Confederação Nacional da Indústria, a paridade salarial entre homens e mulheres também avançou, mas ainda há um longo caminho a percorrer
As mulheres vêm conquistando cada vez mais espaço no mercado de trabalho, contudo, ainda há muito mais a se buscar. A luta pela paridade salarial e a representatividade em cargos de liderança são exemplos de longos caminhos que elas ainda precisam percorrer.
Segundo o Relatório Global de Desigualdade de Gênero, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial em 2023, se os países mantiveram seu ritmo de progresso econômico, levará cerca de 131 anos para que homens e mulheres recebam o mesmo salário ao desempenharem as mesmas funções.
Nem todos os dados, no entanto, são desanimadores. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou um estudo este ano mostrando que não apenas a igualdade salarial tem aumentado progressivamente no Brasil como também a presença feminina em cargos de gestão e liderança vem aumentando no país.
“Não é sobre gênero, mas sobre pessoas”, enfatiza Angelita Marisa Cadoná, presidente do Conselho de Administração da SICREDI Conexão. “E, quando a gente fala em liderança, a mulher precisa querer estar ali, ela precisa estar feliz e preparada no sentido de prontidão mesmo, porque eu acredito que somos seres inacabados, logo nunca estaremos prontos”.
Mais mulheres em cargos de liderança
Intitulado “Mulheres no Mercado de Trabalho”, o estudo da CNI analisou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc). De acordo com o que foi divulgado, as mulheres ganharam espaço em funções importantes que envolvem tomada de decisões.
Em 2013, a participação feminina em cargos de liderança era de 35,7%, subindo para 39,1% em 2023. Isso representa um aumento de cerca de 9,5% em dez anos. Para Fabíola Nader Motta, gerente-geral da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), essa é uma conquista importante “e um reconhecimento da capacidade que nós, mulheres, temos para contribuir de maneira significativa para o progresso das organizações onde atuamos”.
Géssica Benício, gestora do departamento contábil e financeiro da Uniprime Central Nacional, aponta que esse crescimento demonstra a força feminina e “uma maior preparação, muitas vezes, do time feminino, quando dentro da cooperativa, de se mostrar, fazer e entregar. Acredito que essa crescente na liderança feminina mostra mulheres mais preparadas e que estão sendo vistas e reconhecidas”.
Não é apenas no quesito cargos de liderança que as mulheres conquistaram espaço nos últimos dez anos. O mesmo estudo aponta que a paridade salarial saiu de 72 em 2013 para 78,7 em 2023 – um aumento de 6,7 pontos.
Essa paridade é medida em uma escala padronizada de zero a 100. Quanto mais próximo do 100, maior a equidade salarial entre homens e mulheres. Para Angelita Marisa Cadoná, o resultado é positivo, mas poderia ser melhor.
“Temos muitos desafios, enquanto sociedade, pois crescer menos de dez por cento em dez anos significa que realmente levaremos cento e poucos anos para ter uma paridade. Sou uma otimista, acredito que está em nossas mãos implementar ações no presente para colhermos um cenário futuro muito diferente da previsão apresentada neste estudo.”
Muito foi conquistado, mas ainda há mais para conquistar
Uma outra pesquisa da CNI intitulada Mulheres na Indústria revelou outro dado promissor: o de que 6 em cada 10 empresas do setor contam com programas ou políticas de promoção de igualdade de gênero.
Angelita Marisa Cadoná enxerga um enorme potencial nessa maior representatividade feminina. “Quando colocamos as pessoas ao redor da mesa que pensam da mesma forma, com vieses muito parecidos, colhemos resultados. Mas, quando você coloca pessoas com diferentes perspectivas, os resultados se potencializam. Então, quando falamos de humanização, de olhar a equidade e diversidade, automaticamente isso se reflete nos números da cooperativa”.
Nesse contexto, Fabíola Nader destaca que a OCB, por exemplo, possui diversas iniciativas que buscam mostrar a importância da presença feminina. Para ela, “incentivar, capacitar e apoiar as mulheres em uma jornada pessoal e profissional de oportunidades para que elas cresçam e se destaquem são princípios básicos e seguidos dia a dia pelo cooperativismo”.
Para Natália Braulio, CMO da Fenasbac, a liderança feminina também é vetor de inspiração para outras mulheres. “É essencial reconhecer o papel crucial que as mulheres desempenham em cargos de liderança e como isso impacta diretamente o desenvolvimento social. A representatividade feminina nos níveis mais altos das organizações inspira outras mulheres a buscarem seus próprios objetivos de liderança, criando um ciclo positivo de inspiração, identificação e progresso”.
Um olhar otimista para o futuro
De acordo com o relatório da McKinsey & Company intitulado Delivering Through Diversity, a presença de mulheres em cargos de liderança impacta não apenas pela diversidade, mas também traz resultados positivos financeiramente.
Segundo o relatório, 21% das empresas que investem em diversidade em cargos de liderança e tomada de decisões são mais propensas a superar os concorrentes em termos monetários.
Contudo, o benefício da diversidade de gênero não é sentido apenas nos lucros das companhias.
“Eu acredito que a mulher consegue materializar e engajar melhor no propósito institucional. Na Cooperativa, temos lideranças femininas extremamente focadas em resultado econômico e social, ou seja, o olhar de prosperidade equilibrada, sem perder de vista a preocupação com as pessoas. Isso tudo potencializa resultados e aprimora a cultura de pertencimento organizacional”, destaca Angelita Marisa.
Já Géssica Benício traz também uma visão mais holística sobre o assunto. “Considero que o aumento da liderança feminina vem contribuindo para proporcionar uma melhor qualidade no ambiente de trabalho, impactando positivamente na saúde mental dos seus colaboradores e por consequência, nos resultados alcançados pelas equipes”.
Mas além das oportunidades, “é preciso ter muita coragem para assumir um cargo de liderança”, afirma Géssica Benício. “As mulheres precisam chegar ‘chegando’, não tão quietas. Mas eu entendo que isso é um processo que nós, mulheres, precisamos nos cuidar, não devemos nos colocar em uma posição inferior”.
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