Despesas e utilização dos planos de saúde sobem mesmo frente à queda de beneficiários
Análise do IESS observa a evolução dos planos de assistência médico-hospitalar entre os anos de 2014 e 2019
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São Paulo, SP 4/11/2020 – A publicação reforça a necessidade de repensar o setor, aprimorar sua gestão e enfrentar os crescentes desafios com o acelerado envelhecimento da população
Análise do IESS observa a evolução dos planos de assistência médico-hospitalar entre os anos de 2014 e 2019
Em cinco anos, as despesas do setor de planos de saúde médico-hospitalares registraram crescimento de 70,8%. É o que mostra a “Análise Especial do Mapa Assistencial da Saúde Suplementar no Brasil entre 2014 e 2019”, publicação do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). No intervalo analisado, os gastos com a assistência passaram de R$ 105 bilhões para R$ 179 bilhões.
“Nesse período, observamos que houve aumento de 28,1% no número de procedimentos por beneficiário e de 37,7% do gasto per capita”, aponta José Cechin, superintendente executivo do IESS. “Isso corresponde a um salto de 14 exames complementares por beneficiário em 2014, por exemplo, para 19 em 2019. Além disso, as despesas com terapias e outros atendimentos ambulatoriais mais que dobraram, registrando aumento de 150,0% e 107,4%, respectivamente”, completa o especialista. Ele ainda lembra que, no mesmo intervalo de tempo, o número de brasileiros com planos de saúde foi de 50,1 milhões para 47,0 milhões, redução de 6,1%.
Com o objetivo de contribuir ainda mais com a disseminação de dados da assistência à saúde no Brasil, o IESS elaborou o documento com base nos números do Mapa Assistencial da Saúde Suplementar, publicação anual da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O relatório ainda traz números de exames, consultas, terapias e internações no período assinalado, além de comparar com dados de outros países para avançar nas discussões sobre ações de prevenção de doenças e promoção da saúde, políticas e práticas do setor.
Nesse período, o número de procedimentos de todos os grandes grupos aumentou, em especial os exames complementares, com crescimento de 28,7%; terapias, com avanço de 27,7%; e internação, que registrou aumento de 13,9%. Em 2019, foram realizados 916,5 milhões de exames complementares, 277,5 milhões de consultas médicas ambulatoriais, 158,8 milhões de outros atendimentos ambulatoriais (sessões/consultas com fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, terapeuta ocupacional, psicólogos e outros), 72,0 milhões de terapias e 8,6 milhões de internações.
“Claro que os dados podem indicar a maior consciência dos brasileiros quanto à importância de se ter um acompanhamento médico ao longo da vida, até mesmo mais importante do que realizar visitas pontuais aos prontos-socorros. No entanto, precisamos estar atentos para a superutilização de exames e procedimentos, especialmente em vista dos possíveis riscos que eles trazem. O exame é recomendado sempre que seus benefícios superam seus riscos. A publicação reforça a necessidade de repensar o setor, aprimorar sua gestão e enfrentar os crescentes desafios com o acelerado envelhecimento da população”, conclui Cechin.
Para se ter uma ideia, a análise mostra que, na saúde suplementar brasileira, o número de exames de ressonância magnética por mil beneficiários passou de 115,4 em 2014 para 179,0 em 2019. Essa taxa é superior à média dos Estados Unidos (128,0), da Islândia (109,3) e do Canadá (54,5), por exemplo, países com os valores mais altos entre os membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O estudo alerta que mesmo representando menos de 1% do total de procedimentos na saúde suplementar, as internações detêm a maior parcela das despesas do segmento. Entre 2014 e 2019, esse tipo de procedimento teve elevação de 70,1% no gasto por parte das operadoras, saltando de 47,3 bilhões para 80,4 bilhões. Em 2019, as internações responderam por 44,8% do total das despesas do setor, seguidas por R$ 36 bilhões com exames complementares, o que representa 20,1%, e R$ 25,8 bilhões com consultas médicas, 14,1% dos gastos. Além dos gastos com terapias e demais despesas médico-hospitalares.