Jaqueline Chagas*, paciente de câncer e fundadora do Instituto “Unidas para Sempre”
A partir do diagnóstico, a jornada do tratamento para o câncer é repleta de desafios. Além da saúde, problemas financeiros tendem a surgir, já que a doença exige exames, consultas, especialistas e, em muitos casos, afastamento do trabalho. Vale lembrar que apenas no ano de 2018, de acordo com o INCA, foram registrados 59.700 novos casos de câncer de mama no Brasil. Não podemos negligenciar o que sentimos, todo cuidado é pouco!
Fui diagnosticada com câncer em 2016, lutei não só contra a doença, mas também contra a burocracia, mesmo com laudos, tratamentos e cirurgias marcadas. A criação do grupo “Unidas para Sempre”, que tem como objetivo dar suporte e apoio ao paciente com câncer e outras patologias, começou a partir de experiências como essa.
A vaidade é parte imprescindível, principalmente na vida das mulheres. O câncer de mama te força a buscar meios alternativos para recuperar sua autoestima, por conta dos impactos causados pelo tratamento. A prótese mamária, por exemplo, não nos deixa sentir mutiladas, como se estivesse faltando um membro.
É muito além de simplesmente “devolver” a mama, é devolver a sua identidade enquanto mulher. Assim como a micropigmentação, que possui um papel importante, já que sem os pelos no rosto, é como se a gente olhasse para o espelho e ficasse nos procurando. A tatuagem de auréola é outro procedimento que ajuda na recuperação da autoestima da mulher mastectomizada. O desenho realista do mamilo traz de volta o que a pessoa perdeu.
O cabelo é tudo e, sem dúvida, é uma das coisas que mais arrasa com a mulher. Voltar a ver cabelo, mesmo por meio de uma peruca, é como devolver a identidade, o bem-estar e é uma sensação de cura também. Quando fica careca, perde-se toda a sua feminilidade, sua vaidade. É como se a ficha realmente tivesse caído. Isso remete muito a ideia de “estou doente, estou com câncer”. A sensação de colocar um mega hair ou uma peruca é incrível e nos devolve a alegria e a identidade, perdida durante o processo, que nos faz sentir mulher novamente.
Além disso, o acompanhamento psicológico para essas mulheres com câncer de mama é fundamental. A psicologia é o carro-chefe para a cura. A mente tem o poder sobre todo o corpo. Eu digo que a gente não entra em guerra sozinho. Pensar assim foi o meu alicerce. Com certeza, a Psico-Oncologia se torna tão importante quanto os procedimentos médicos de fato, atuando na autoestima, no empoderamento!
(*) Jaqueline Chagas é contabilista, paciente de câncer e fundadora do Instituto Unidas para Sempre, que tem como objetivo dar suporte e apoio ao paciente com câncer e outras patologias.
Por | Joyce Nogueira – Drumond Assessoria de Comunicação