A ideia de ter uma piscina com areia, peixes, plantas e pedras deixou de ser algo exótico e passou a atrair um número cada vez maior de pessoas. Mais sustentáveis do que as piscinas convencionais, as piscinas biológicas estão se tornando uma febre no Brasil. Este tipo de piscina tem uma pegada de carbono muito menor do que as convencionais, por não usar cimento nem estrutura de aço.
Dotadas de um conjunto de filtros, dentre eles o biológico, as piscinas biológicas utilizam microrganismos para purificar a água. Os peixes desempenham papel fundamental no controle de algas e larvas de mosquito, criando um fluxo biológico semelhante ao de ecossistemas naturais. Daí a origem do termo piscina biológica. Graças a essa dinâmica circular, as piscinas conseguem se manter limpas sem fazer uso de cloro ou demais produtos químicos.
O único elemento adicionado na água é ozônio, uma substância com poder desinfetante até mil vezes superior ao cloro, mas sem efeitos adversos que este último causa na saúde humana, como alergias respiratórias e danos ao cabelo e à pele. Além disso, as piscinas biológicas não usam sulfato de alumínio, material nocivo à saúde humana que costuma ser aplicado nas piscinas convencionais para decantar sujeiras.
“As piscinas biológicas representam uma quebra de paradigma. Elas ajudam as pessoas a se reconectarem com os ciclos da natureza. Assim como um lago natural ou um rio, a piscina biológica é um ambiente dinâmico e está em constante mudança, sendo o tempo parte integrante da concepção deste verdadeiro ecossistema, agregando ainda mais naturalidade e resiliência ao sistema.”, explica o biólogo Rafael Catarino, dono da Clímax Ambiental.
No ramo há mais de 15 anos, Catarino viu a demanda por esse tipo de projeto disparar após a pandemia, quando as pessoas começaram a passar mais tempo em casa e sentiram a necessidade de se reconectar com a natureza. Em 2019, a Clímax recebia, em média, duas consultas para projeto de piscinas biológicas por mês. De lá para cá, esse número saltou para 20. Hoje, Catarino vive na estrada, supervisionando projetos em diversos estados do país.
“A piscina biológica oferece benefícios para a saúde mental parecidos aos ‘banhos de floresta’, uma prática da medicina oriental que tem sido recomendada por psicólogos mundo afora. Além de serem refrescantes, as piscinas têm esse caráter introspectivo. Um mergulho com snorkel numa piscina biológica têm um efeito relaxante que faz bem para a mente e para o corpo”, acrescentou Catarino.
Ferramenta de educação ambiental para crianças
Segundo o biólogo a piscina biológica também pode ser uma ferramenta de educação ambiental, sobretudo para as crianças. A partir da observação dos peixes, dos pássaros, rãs, insetos, plantas e algas a criança passa a compreender melhor os ciclos da natureza. A gente percebe que as piscinas biológicas tranquilizam as crianças e trazem um alternativa saudável e divertida aos jogos de videogame e à televisão”, disse.
Catarino ressalta, no entanto, que as piscinas biológicas precisam de uma série de cuidados para manter a sua autorregulação. Ele explica que nem sempre os projetos incluem o sistema de filtragem biológica que faz as piscinas terem esse nome, o que acaba gerando dores de cabeça e aumentando os custos de manutenção. Segundo ele, o uso do ozônio também precisa ser bem controlado para não afetar a saúde dos peixes.
Outro cuidado importante é com a seleção das espécies de peixes que serão introduzidas na piscina. Em locais com temperaturas mais amenas, as carpas são as mais indicadas, mas em lugares quentes, como o Nordeste, possibilita explorarmos o uso de espécies nativas. Todos os habitantes do lago devem ser criteriosamente escolhidos e quantificados, com base em cálculos biológicos, dinâmica de interação e características de cada espécie.
Se o princípio da circularidade for levado a sério, as piscinas biológicas podem dar muito menos trabalho para fazer manutenção do que uma piscina convencional. Além disso, é possível tirar proveito de algumas vantagens nem sempre conhecidas, como a capacidade das piscinas de fornecer adubo a partir do sistema de filtragem biológica.
O processo de limpeza dos filtros elimina uma água altamente rica em matéria orgânica. É possível usar esse material para fazer a fertirrigação do jardim ou da horta. Isso permite uma economia de dinheiro com a compra de adubo orgânico e ainda ajuda o meio ambiente, reduzindo a produção de resíduos.
Lagos orgânicos e ornamentais
A empresa atende principalmente residências, condomínios e hotéis, mas a base de clientes tem se diversificado. Além de piscinas naturais, a Clímax desenvolve lagos orgânicos e lagos ornamentais. Os lagos orgânicos se diferem das piscinas biológicas no tamanho do espelho d´água. Já os ornamentais costumam ter uma profundidade menor do que as piscinas. Mas os princípios e os efeitos desses ambientes aquáticos sobre o entorno são semelhantes aos da piscina biológicas.
Recentemente, a empresa construiu ambientes aquáticos para uma escola particular em Salvador e para uma clínica de cuidados paliativos em Recife. O empresário se emociona ao falar sobre este último projeto.
De acordo com ele, o projeto trouxe uma melhora substantiva no humor e no bem-estar dos pacientes. Como a clínica está situada numa avenida movimentada da cidade, Catarino incluiu pequenas cascatas, que neutralizam o barulho vindo da rua. De acordo com gestores da clínica, o projeto com cascatas teve efeito direto no estado psicológico dos pacientes, aumentando a sensação de calma. Os pacientes receberam gostaram tanto, que o ambiente com cascatas, pedras e peixes virou o local de descanso preferido na clínica.
Por | Camila Florio – Sherlock Communications